O texto abaixo é um resumo da Live que aconteceu no dia 09/04.
Caso queria assistir o vídeo completo, acesse: https://bit.ly/live1uppy
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Telci Vasconcelos, Psicóloga e Sócia-Fundadora da Uppy fala sobre os desafios da promoção de saúde mental em nosso contexto atual considerando as diferentes variáveis que nos afetam, da pandemia à incerteza econômica.
A iniciativa de abordar essa temática se deu a partir da observação do aumento do nível de ansiedade e estresse dos profissionais, principalmente entre os nossos clientes que vivenciam a situação de isolamento social e precisam performar aprendendo a dar resultados em um novo cenário, o home office.
Sendo assim, queremos municiar os profissionais com informações que os ajudem a praticar o auto cuidado observando comportamentos intensificados e fora do seu padrão habitual para que possam ter uma ação prévia que possibilite o auto controle e regule qualquer comportamento disfuncional.
Dentro do ciclo das vulnerabilidades previstas, estudos realizados em situações de isolamento indicam que tendemos a passar por 4 etapas, de forma simultânea ou sequencial.
E quais são essas fases?
- SENTIR MEDO
É inevitável sentirmos medo e insegurança. E não há problemas, inclusive é o medo que nos assegura em situações de sobrevivência.
A questão passa pela intensidade, quando esse medo é tão intenso que se torna um pensamento recorrente que ocupa todo o meu dia e o meu espaço mental. Se transformando, no que chamamos, medo disfuncional.
É aquele sentimento que te paralisa e enfraquece diante da própria angústia. Costuma ser o primeiro comportamento que aparece em uma situação de incertezas.
Como sei que posso estar com medo disfuncional?
Cada pessoa desenvolve uma sintomatologia específica, mas a principal característica é o pensamento de recorrência com características catastróficas relacionados a mim ou a minha família e amigos.
A somatização física aparece na dificuldade de dormir, hipersônica, choro excessivo sem causa aparente, falta de energia para fazer as tarefas do cotidiano e|ou perda de prazer em hábitos que antes proporcionavam distração e alegria.
- TENSIONAMENTO DAS RELAÇÕES PRÓXIMAS
O isolamento social oportunizou uma proximidade concentrada as famílias em um espaço menor por um número de horas infinitamente maior.
Essas relações passam por novos combinados para que seja garantido a harmonia necessária para lidar com a tensão do contexto vivido. E nem sempre a prática da negociação já está estabelecida, e o que temos visto são reações desproporcionais de impaciência e por vezes, de agressão.
Esta constatação é alarmante e podemos observá-la a partir dos dados estatísticos apresentados pela Delegacia da Mulher em todo o Brasil que registra um aumento de 57% no número de ocorrências
Outro sintoma que podemos observar é o aumento dos comportamentos compulsivos, de diferentes naturezas, e outro dados estatísticos observado é que as pessoas estão bebendo muito mais do que antes. As indústrias de bebidas alcoólicas registraram um pico de vendas de 27% em comparação ao carnaval.
- PERDA DE PROPÓSITO
Cotidianamente somos engolidos pela nossa rotina super automatizada, com agendas e compromissos que tomam todo o nosso dia. Porém, o isolamento social pode nos trazer uma reflexão muito importante, que é: como você tem cuidado dos seus outros papéis? Como você tem sido como pai, mãe, filho (a), Cônjuge, etc.
Fora a dificuldade de estabelecer uma nova rotina e equilibrar todas as responsabilidades do dia a dia, este momento também nos serve para pensarmos sobre como estamos preenchendo estes papéis. É como se fosse uma oportunidade de reconexão com o nosso vazio, com aquilo que estamos em falta.
Estar em home office, é ter que se haver com todos esses papéis. Vai nos exigir aprender a estabelecer ritmo e regras para a busca do equilíbrio.
- LIDAR COM AS INCERTEZAS
Nossa psiquê gosta de trabalhar com previsibilidade. Isso significa que valorizamos a ilusão da certeza do que está por vir. Viver em um momento de incertezas – como estamos vivendo – gera comportamentos de frustração e muita ansiedade.
A incerteza sobre o amanhã pode gerar comportamentos de inação, apatia e por fim resultar em comportamentos depressivos.
Temos a certeza do hoje e podemos modelar nosso futuro com planejamentos de curto prazo que nos garantam resultados a curto espaço de tempo, e que acomodem mudanças de rota se necessário for.
COMO LIDAR COM TUDO ISSO
- Exercitar o autocuidado
Você deve procurar identificar se está tendo comportamentos disfuncionais que não estão contribuindo para o seu dia a dia. Repense seu cotidiano para gerar uma mudança positiva na sua rotina.
- Fortalecer sua saúde psíquica
Precisamos primeiro nos cuidar para depois cuidar do outro. Se algo não vai bem e você não está dando conta disso, peça ajuda a sua rede de apoio.
- Higienização Psíquica
Se você se encontra em uma situação disfuncional, cuidado com o consumo de informação que você faz. Evite matérias sensacionalistas que reforçam a hipótese que estamos vivendo o final dos tempos, isso nada contribui com sua saúde mental. Se informe junto a fontes seguras.